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quarta-feira, 25 de abril de 2012

Festim


Dispo o manto branco do dia

E incendeiam os néones

A dar início ao silêncio nocturno,

Que escuto, enquanto galgo o cerrado,

Possuído por um só perfume,

Composto de suores e desejos.      

Agora, meio zombie, meio lobo,

Avanço como um disparo de flecha  

Penetrando o ventre do deleite

E, nesse festim pagão,

De versos, danças e gemidos,

Sacio a minha única vontade:  

Untar o corpo com a tua pele

E, entre salivas que se beijam,

Libertar sussurros de sonhos e fantasias

Em cascatas açucaradas de prazer

Que escorrem pela antemanhã

Até colocar o manto branco do dia!

domingo, 22 de abril de 2012

Desejo (te)


Há uma fragância sedutora no teu cabelo

Que os meus dedos cobiçam suavemente…

E agitam-se,

Quando encontram a tua pele macia e nua.

Tocam-te,

Como se um instrumento se tratasse.

E dessa ária silenciosa,

Ouve-se o teu desejo,

Em arrepios ávidos e quentes

E o teu corpo pulsa ansiosamente…

Afago-te os seios para serenar a líbido

E beijo gulosamente os mamilos…

Há um desassossego na procura dos corpos

E o momento da posse acontece…

As bocas encontram-se,

Lançam enigmas para descobrir

E desafios para aceitar…

Os teus lábios mordem os meus

E espalham uma passadeira incandescente

Arrastando a língua no meu peito…

E neste carrocel sensual de emoções,

Embriagados pelas palavras,

Colorimos o clímax de vermelho

E deixamo-nos planar como as gaivotas…

Na descoberta do teu olhar

Beijo-te,

Com um “amo-te” tatuado nos lábios…






sábado, 21 de abril de 2012

Túnica da Paixão



Era de fogo a túnica da paixão,
Lábios rubros de um prazer mergulhado

No simples respirar do beijo mais demorado.

As deusas sedutoras do destino
Eram maresias de oceanos azuis,
Numa praia afrodisíaca e sem limites.

Fomos simples grão de emoções,
Ali tão docemente semeado,
Num gesto de ternura e aconchego.

O desejo foi então desembainhado
E a safra nasceu em nossos ventres,
Flor sensual, gestos de ousadia.

Agora que as gaivotas esvoaçam,
Não esperem de nós que nos deitemos
num leito frio, cândido e castrador.

Estamos ainda aqui com vigor,
Peregrinos que não perdem a vontade,
Viajantes no tempo que há de vir.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Desejo


Os beijos mais doces ornamentaram

As palavras não ditas nos olhares

Os desejos mais tórridos e provocantes

 

Nos ventos mais quentes

No hálito perfumado da Primavera

Os beijos mais doces floriram

 

Só no manto da noite desenharam

Uma Íntima libidinosa dança de ventres

 

Roçando a pele nua que não desiste
E deixa amanhecê-la prostrada e livre

 

Embriagado pelo silêncio das palavras

Deixa o prazer derramar paulatinamente

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Partida


No momento que partiste
Não sabes o que senti!...
Só um prazer me conforta,
Amor, o de pensar em ti…

No negrume da noite fria,
Há uma estrela esmorecida.
É o beijo que nós sentimos
No momento da despedida.

Desde essa hora vadia
Um pensamento nutri:
A vida fica mais triste
Estando eu longe de ti!

terça-feira, 17 de abril de 2012

Fogueira do Amor


Cada beijo regressa ao mesmo desejo,
Também ele escrevendo-se no teu sorriso
E em mim com o estilete da paixão.

Voltamos ao princípio do que fomos,
Ao gesto que fizemos, quando ateámos
A própria fogueira do amor.

E ali ficámos quando a noite veio,
Como a primeira hora de outro dia,
Uma hora do sonho e da verdade.

Alguém nos desenhou com esse desejo,
Novos braços de um vento desregrado,
Sabendo ser um e sermos nós.

Por isso, descobri este querer,
Esquecendo a flor da mágoa, da tristeza
E a sombra já esbatida de outras horas.

Mas não fiquei preso nesse tempo,
Castelos pelo musgo corroídos,
Cercados pelos espectros da glória.

Fui portas abertas ao que vinha,
Colhendo as asas do que mais voasse,
Sementes do incerto em movimento.

Tatuagem do tempo em nós dois,
Palavra sempre escrita no futuro,
Guardemos o perfume desse dia.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Rosas


chove rosas no meu peito

quando te vejo passar

cravam os espinhos na pele

deixam meus lábios sangrar

constroem um leito de pétalas

quente e rubro afogueado

na fogueira dos teus lábios

cultivo um beijo enamorado

bem no meio do meu peito

uma rosa rebentou

escreveu o meu destino

e o teu nome despontou


sábado, 14 de abril de 2012

De Manhã



A madrugada desponta lá dentro…

Entreabre-me a porta

Para que por uma vez que seja,

Testemunhe o acordar

Do sol castanho desses olhos

E possa trilhar em gritos de prazer,

O timbre perfeito dos teus lábios…


À Noite



Vagueio na noite, faminto como um lobo

Trilho ruelas e calçadas à cata de sangue

Das quimeras e de mais fantasias…

Afogo a ânsia nas poças lamacentas de vidas

E vago sem rumo, com lábios ensanguentados

Das promessas vazias, inolentes e sem cor.

Pressinto o odor luxuriante dos ventres,

Entre gritos e obscenidades exsudadas,

E parto acorrentado à sede de um só desejo…

Mergulhar na seiva dos teus quadris

Cálidos, lascivos e ondulantes,

Oásis dos meus mais libidinosos desejos.

Deixo o rasto das garras marcadas

Em solo negro calcado pelo desejo

Na vontade de tragar os teus ocultos silêncios.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O Meu Poema


O meu poema não tem palavras
Veste sonhos d’autor
Transporta o meu desejo
Declama para o meu amor

Não tem, portanto, idioma
Nem qualquer nacionalidade
Por isso não pode mentir
Fala, somente, a verdade

Essa ausência de geografia
É a pátria do meu poema
Recita versos com alma
Sem se ouvir um só fonema






segunda-feira, 9 de abril de 2012

Os teus olhos


Teus olhos sensuais,
Libidinosa Isabel,
Teus olhos são mais doces
Que todos os favos de mel.

Decerto, um teu olhar
É muito mais caloroso,
Que um vulcão a borbulhar
Ou um coração ansioso!

Teu olhar de jogo ardente
Tem uma maga a enfeitiçá-lo
Penetra fundo e agudamente
Abrasa quando desejo jogá-lo!


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ártemis

Pôr-do-sol, os globos povoados
Deslizam um olhar vago e incerto
Nos seus olhos de pranto calejados
E nas areias quentes do deserto.
Pudesse eu ser o Sol, a luz duma lanterna
Faria que a noite contigo fosse eterna.

E as harpias, adejando, fazem giros
Arrancando, ao passado, os velhos pregos,
E no silêncio ressoam uns suspiros
Dolentes como as súplicas dos cegos.
Fosses tu aquele ser de pilhagem
Prestava eu a minha humilde vassalagem.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Carta


Boa noite, amor!

Sento-me de frente para a noite e escrevo com o peito cheio de sabedoria. Olho a lua e vejo-a a sorrir. É cúmplice do meu desejo e conhece-te como eu. Agora, amor, já posso dizer que sei a que sabem as estrelas… aos pingos do mar que desaguam no rosto, à gota de orvalho sensual e cristalino, à saliva agridoce do teu beijo que humedece a minha vontade de te abraçar… às tuas pernas, sempre cobertas de deleite e traços de inconsequência, aos teus lábios de cereja vermelho-vivo que tingem o meu pescoço e deixam saudades por onde passam, à malícia irresistível em cada um dos teus olhos, à tua pele alva que atrai os meus lábios e dentes e o desejo de causar marcas apenas pelo medo de ser esquecido.
São as tuas mãos que moldam o meu prazer. São nas tuas lembranças que encontro moradia e na respiração ofegante a realidade. É em ti que eu sinto a beleza, a arte, a obsessão, a luxúria, o sabor das estrelas… Gosto quando nos transformamos em algo único e belo, envolvido pelos teus cabelos e sorrisos de banana…
Sei como sabem as estrelas quando sinto a textura dos teus lábios, quando percorro o teu corpo à procura dos pedaços dos teus segredos para juntá-los como um puzzle deliciosamente interminável...
Apesar de não ter dormido, não consigo dormir... o teu cheiro penetra o meu sono e embebeda-me a consciência de te tocar, de sentir o fogo do teu ventre a refrescar a paixão da minha pele sedenta dos teus vagidos de furor. Por isso, sei a que sabem as estrelas!

Beijo

domingo, 1 de abril de 2012

Soubesse eu...


Soubesse eu
Descobrir as palavras certas
Das lágrimas brotavam
Rosas de pétalas abertas!
Sentirias a Primavera,
O orvalho e o luar.
As noites cediam aos dias
E as estrelas nasciam no mar!
Soubesse eu
Cantar teu desejo,
O Sol enrubescia
Sempre que te desse um beijo!
Os rios deslizavam para a nascente,
A montanha ao seu vale,
Os predadores abraçavam as presas
E o pranto perdia o seu sal!
Soubesse eu
Igualar teu perfume
Fazia da Terra o Olimpo
E cerrava a porta ao ciúme!
Soubesse eu
Viver no teu olhar
Os anjos desciam dos céus
Só para me veram amar (te)...